Rádio Difusora celebra o mês da Consciência Negra com Série "Resistência"
Anita Flexa
Entrevistas e histórias de luta e superação marcam a homenagem aos negros e negras que moldaram a história do Brasil
Neste mês de novembro, a Rádio Difusora se une à celebração do Mês da Consciência Negra, apresentando uma série especial de entrevistas com o tema "Resistência". Comemorando a recente sanção da Lei 14.759/23, que torna o Dia da Consciência Negra feriado nacional, a série traz à tona histórias de coragem, superação e ancestralidade, refletindo sobre a luta do povo negro ao longo dos séculos. A primeira entrevista da série, que começa nesta quarta-feira (13), é com a escritora Esmeraldina dos Santos, cuja trajetória é um exemplo de resistência cultural e histórica.
A data, comemorada no dia 20 de novembro, relembra a morte de Zumbi dos Palmares, líder do Quilombo dos Palmares, e simboliza a luta contra a escravidão e o racismo. A importância da lei sancionada por Luiz Inácio Lula da Silva em dezembro de 2023 é um marco, pois amplia o reconhecimento da luta negra em todo o território nacional, trazendo à tona as histórias de resistência que ajudaram a moldar o Brasil.
Esmeraldina dos Santos é uma dessas vozes que ecoam a memória e a força da cultura negra. Filha de Maximiano Machado dos Santos, o Mestre Bolão, e de Francisca Ramos dos Santos, a Tia Chiquinha, Esmeraldina cresceu imersa nas tradições de seu povo no Quilombo do Curiaú. Ela transmite através da oralidade, da literatura e das canções de Marabaixo a sabedoria ancestral de sua comunidade. Aos 69 anos, Esmeraldina começou a escrever na fase adulta, publicando obras que resgatam o cotidiano e as vivências do seu povo. Seu primeiro livro, História do Meu Povo, foi lançado em 2002, e desde então, a autora se tornou uma referência cultural no Amapá. Ela fala sobre o ato de resistência do mês da consciência negra para a mulher preta.
“Olha, significa muito de ver a maioria das mulheres preta tentando se identificar no meio dessa sociedade machista, egoísta, cheia de preconceituosa, que vivem o dia... nós vivemos o dia a dia discriminados pela cor, pela raça, mas nós, as mulheres, nós estamos produzindo a nossa própria história, nós estamos conquistando o espaço. Então tudo isso é uma luta, é uma conquista para todas nós mulheres, brasileira, preta, mulher que se identifica no meio da multidão. Isso é muito bom para todos nós”, afirma Esmeraldina.
Através de sua obra e de sua atuação como contadora de histórias, Esmeraldina tem levado a tradição oral e a resistência negra para as escolas e comunidades, perpetuando a identidade de seu povo e ensinando as futuras gerações sobre a importância da ancestralidade. Participante ativa de movimentos culturais e educacionais, ela tem contribuído para que o legado da resistência negra no Brasil nunca seja esquecido. Em sua entrevista para a série "Resistência", Esmeraldina compartilha sua trajetória e reflete sobre o papel da literatura como ferramenta de luta e afirmação da cultura afro-brasileira.
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